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  • Foto do escritorAndrey Sommavilla

A VISÃO OSTEOPÁTICA NO TRATAMENTO DO OMBRO

Atualizado: 1 de dez. de 2022


O complexo articular do ombro é uma unidade funcional composta por cinco articulações: glenoumeral, subdeltoidea, escapulotorácica, acromioclavicular, esternoclavicular, sendo a última a mais importante do ponto de vista biomecânico.

Os movimentos combinados dessas articulações distintas, somando os músculos e as demais estruturas periarticulares envolvidas, permitem que o braço e a mão possam se mover para diversas posições, resultando em uma amplitude de movimento que ultrapassa a de qualquer outra articulação do corpo humano. Os movimentos que podem ser realizados isolados ou de forma combinada pela cintura escapular são: flexão e extensão, adução e abdução, adução e abdução na horizontal e rotação interna e externa.

Como há mínimo contato entre a cavidade glenóide e a cabeça umeral, a articulação do ombro depende das estruturas ligamentares, musculares e tendíneas para ter estabilidade.

A força da musculatura do manguito rotador é o elemento principal para a estabilidade glenoumeral dinâmica. Suas fibras musculares encontram-se em grande proximidade da articulação e seus tendões se fundem à cápsula articular. A função dos músculos estabilizadores é comprimir a cabeça umeral dentro da cavidade glenóide. Além desses músculos, é necessário destacar também as ações da cabeça longa do bíceps e determinadas porções do deltóide na estabilização dessa articulação.

Outra articulação muito importante para a mobilidade do complexo do ombro é a escapulotoráxica. Nessa articulação a escápula apoia-se no serrátil anterior e subescapular que estão ligados à escápula e suas fáscias se movem uma sobre a outra quando há o movimento escapular.

Por se tratar de uma zona de transição entre o tórax e o pescoço, a cintura escapular torna-se suscetível a lesões pelo estresse sofrido. Todos os componentes vasculares e nervosos medulares que se dirigem à cabeça atravessam a cintura escapular e se esta não estiver em homeostase, podem ser observados transtornos vasculares e/ou nervosos.

Importante ressaltar a relação que a cintura escapular tem com resto do corpo, pois a sua disposição anatômica permite relacionar-se diretamente com o tronco, membro superior e pescoço e indiretamente com a cabeça, ATM, lombar e consequentemente membros inferiores. Destaca-se a ação do grande dorsal, que relaciona a cintura pélvica e a coluna lombar com a articulação glenoumeral, justificando alguns casos de associação de sintomas lombo-pélvicos com quadros de dor e limitação de movimento do ombro. Somado a isso, é interessante ressaltar que do nível de C3, C4 e C5 na coluna cervical emergem raízes nervosas destinadas ao ombro e, da mesma forma, fibras que atravessam o músculo diafragma e vão inervar sensitivamente algumas vísceras como o fígado, estômago e coração.

Temos que lembrar também de alguns músculos que podem gerar disfunções no complexo do ombro. Deve-se salientar o Peitoral Maior que quando espasmado, é capaz de fixar a disfunção da cabeça umeral em anterioridade, colocando também a clavícula em rotação anteroinferior. Tem que se ressaltar também os músculos Subclávio, Escaleno Anterior e Peitoral Menor, pois se estiverem espasmados podem gerar déficit vascular por compressão da artéria subclávia e do plexo braquial, levando a síndrome do desfiladeiro torácico. Outra restrição comumente encontrada é a superioridade da cabeça umeral, que tem sua fixação associada ao espasmo do músculo deltoide.

As fibras simpáticas que emergem de T1 a T5 são direcionadas ao membro superior para controle da sudorese, piloereção e vasomotricidade. Problemas nessas regiões interferem diretamente na irrigação sanguínea dos principais músculos do ombro.


Uma alteração nos pés, um pé plano por exemplo poderia aumentar a cifose torácica, levando a protusão dos ombros (anterioridade), influenciando ao mesmo tempo no posicionamento da escápula em relação ao gradil costal.

Léopold Busquet descreve a estruturação do corpo por meio de cadeias fisiológicas. De acordo com sua análise, seriam por essas cadeias que as forças tensivas fariam suas propagações. Pelo complexo articular do ombro percorrem as cadeias fisiológicas cruzadas, cuja ancoragem é feita na região dos ossos temporais; dessa forma, disfunções cranianas poderiam ter suas repercussões sobre o ombro.

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